Limitações de acesso à saúde e suas influências nas decisões de tratamentos dos pacientes com câncer de mama
DOI:
https://doi.org/10.14295/jmphc.v17.1473Palavras-chave:
Acesso à Informação, Acessibilidade aos Serviços de Saúde, Neoplasias da Mama, DesinformaçãoResumo
O câncer de mama é uma das principais causas de morbidade e mortalidade entre mulheres no mundo, apresentando uma incidência que continua a crescer, apesar dos avanços nas técnicas de diagnóstico e tratamento. No Brasil, o Instituto Nacional de Câncer – INCA estima que o câncer de mama seja o tipo mais comum entre as mulheres brasileiras, exceto pelo câncer de pele não melanoma, com cerca de 74 mil novos casos diagnosticados a cada ano. A detecção precoce e o acesso a tratamentos baseados em evidências, como cirurgia e quimioterapia, são essenciais para o enfrentamento da doença. No entanto, diversos fatores dificultam esse acesso, incluindo a desinformação e a dificuldade de acessar serviços de saúde. Dessa maneira, a desinformação representa um obstáculo significativo, distorcendo informações sobre os tratamentos convencionais e gerando desconfiança em relação a métodos cientificamente validados. A rápida disseminação de conteúdos digitais torna difícil a verificação da veracidade da informação, comprometendo a capacidade crítica dos pacientes. Casos como a defesa do uso da fosfoetanolamina, mesmo após alertas das autoridades, ilustram o impacto da desinformação no Brasil. Um documento recente de sociedades médicas destacou que as fakes news afetam decisões informadas sobre prevenção e tratamento, levando ao abandono de exames essenciais e à adesão a terapias não comprovadas, com pacientes considerando a informação encontrada online influente em suas decisões. Neste contexto, este trabalho tem como objetivo investigar, com base na literatura científica, como as limitações de acesso à saúde influenciam nas decisões de tratamentos dos pacientes com câncer de mama. Busca-se ainda compreender as motivações dessas escolhas, suas consequências para os desfechos clínicos e os impactos para o sistema de saúde. Trata-se de um estudo de revisão integrativa da literatura em que foram escolhidos descritores e definidas as estratégias de busca para responder à pergunta de pesquisa: “O que a literatura científica apresenta sobre as limitações de acesso à saúde e suas influências nas decisões de tratamentos dos pacientes com câncer de mama?”. Para a revisão da literatura, foram escolhidas quatro bases de dados: Biblioteca Virtual em Saúde – BVS, Embase, PubMed e Web of Science. Com base na pergunta de pesquisa e no objetivo do estudo, foram identificados pólos orientadores e selecionados descritores, por meio da plataforma Descritores em Ciência da Saúde. Os pólos foram definidos em: (i) Fenômeno: Acesso à Saúde; (ii) População: Câncer de Mama; e (iii) Contexto: Desinformação. Os critérios de inclusão utilizados para a seleção dos artigos científicos foram: publicações em português, inglês ou espanhol; artigos científicos que contemplem o tema e agreguem à pergunta de investigação e textos completos disponíveis. Foram excluídos livros, documentos, teses, dissertações, anais de congresso, estudos que não abordem o tema de pesquisa, estudos sem apresentação de resultados completos, protocolos de pesquisa, estudos de biologia molecular, ensaios pré-clínicos, estudos de revisão, artigos de comentário, opinião e reportagens. Foram encontradas 4.110 publicações através das buscas nas quatro bases de dados, e também do google acadêmico, sendo excluídas 750 duplicatas. Após a leitura dos títulos, resumos e artigos completos, das 3.360 publicações restantes, considerando os critérios de inclusão e exclusão, 17 artigos foram incluídos e sintetizados. O artigo mais antigo é do ano de 2000 e o mais recente de 2024. A análise dos artigos incluídos revelou uma diversidade de estudos conduzidos principalmente em países da Ásia (Indonésia, Malásia, Índia, Omã), África (Etiópia, Quênia), América Latina (Colômbia) e países desenvolvidos (EUA, Canadá, Suíça). A maioria dos estudos apresenta abordagem qualitativa ou descritiva, com foco em experiências, percepções e barreiras enfrentadas por mulheres com câncer de mama em diferentes contextos socioculturais e econômicos. As limitações encontradas podem ser agrupadas em dois grandes eixos: acesso à informação em saúde e acesso aos serviços de saúde. No primeiro eixo, os estudos destacam a baixa literacia em saúde, a desinformação disseminada pelas redes sociais e crenças culturais e religiosas como principais barreiras. Em países como Etiópia, Omã e Indonésia, muitas mulheres acreditam que o câncer é uma punição divina ou recorrem a tratamentos tradicionais, como curandeiros ou rituais espirituais, antes de buscar atendimento médico. No ambiente digital, estudos apontam que mais da metade dos conteúdos sobre prevenção e tratamento do câncer de mama contém desinformação. Esse cenário leva à recusa ou abandono de terapias convencionais, atrasos no início do tratamento e, por consequência, piora nos desfechos clínicos. Quanto às limitações no acesso aos serviços de saúde, fatores como longas distâncias até centros especializados, baixa oferta de profissionais e exames, falta de seguro de saúde, e baixa renda familiar são recorrentes. Em locais como Etiópia, Quênia e zonas rurais da Colômbia, pacientes frequentemente chegam aos serviços de saúde em estágio avançado da doença, por dificuldade em identificar os primeiros sintomas, somada à falta de recursos pessoais. As consequências dessas limitações são significativas: diagnóstico em estágios III ou IV, recusa ao tratamento, aumento da mortalidade e menor efetividade das políticas públicas de saúde. Seis estudos incluídos demonstram de forma consistente a coexistência dessas duas limitações interligadas, reforçando que a escolha por terapias alternativas ou a recusa do tratamento médico não se baseia apenas em crenças culturais, mas é também resultado de obstáculos estruturais e vulnerabilidades sociais, sendo a combinação dessas limitações um fator central para os atrasos no diagnóstico e piora dos desfechos clínicos. Em contrapartida, outro estudo aponta que mulheres com maior percepção de risco, geralmente por histórico familiar, tendem a buscar ajuda mais cedo, mesmo em contextos de maior vulnerabilidade. Em síntese, os estudos indicam que as decisões de tratamento das pacientes com câncer de mama são fortemente influenciadas pela qualidade da informação recebida, pela compreensão sobre a doença e pelas condições de acesso aos serviços de saúde. Superar essas barreiras requer estratégias integradas de educação e comunicação em saúde acessíveis, combate à desinformação e melhoria na estrutura e cobertura dos serviços oncológicos.
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